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Marcelo Abritta | Série Empreendedores Que Inspiram

  • Writer: Stark Bank
    Stark Bank
  • Sep 16, 2020
  • 7 min read

Updated: Jan 19, 2021

Confira o bate-papo exclusivo com o CEO e founder da Buser

Marcelo Abritta se deparou com uma oportunidade de empreender ao precisar organizar uma viagem de 30 familiares saindo de Minas Gerais (MG) para Arraial d'Ajuda (BA). Foi justamente nessa época que nasceu a Buser, uma plataforma de fretamento colaborativo.


Ele bateu um papo muito legal com as apresentadoras Paola Dionizio e Letícia Santiago durante a série Stark Bank Entrevista: Empreendedores Que Inspiram, no qual compartilhou suas histórias, desafios, oportunidades e, principalmente, o que significa ter uma mente empreendedora. Confira a seguir!


Letícia Santiago - Afinal de contas, quem é Marcelo Abritta?

Marcelo Abritta - Sou engenheiro, curioso, gosto de ficar correndo atrás de sarna pra coçar e empreender no Brasil acho que é bastante sarna pra coçar, né? (risos). A Buser é minha terceira empresa, antes disso eu tive uma importadora de emoji de pelúcia e vendi quase 100 mil almofadinhas. Tive também uma operadora de estacionamento e depois a Buser, que é minha primeira iniciativa mais tecnológica.


Paola Dionizio - Qual oportunidade você vislumbrou quando decidiu criar a Buser?

Eu sempre viajei muito de ônibus, sou de Belo Horizonte e morava em São José dos Campos (SP) na época da faculdade, então voltava uma vez por mês mais ou menos de ônibus. Isso durou muito tempo na minha vida e os preços ficavam cada vez mais altos, porque quem viaja de ônibus sabe que quase sempre tem só uma empresa que oferece as viagens na rodoviária.


Quando eu fui casar, minha esposa que é inglesa, quis fazer o casamento em alguma praia e a gente acabou escolhendo Arraial D'ajuda, mas alguns parentes meus deixaram para comprar as passagens em cima da hora e ficou muito caro viajar de avião de Belo Horizonte para Arraial D'Ajuda.


Foi aí que a gente pensou: vamos ver se o pessoal anima ir de ônibus. Fomos até a rodoviária ver quanto custavam 30 passagens e qual era o valor para alugar um ônibus, que levaria o pessoal até o casamento. Para a nossa surpresa, alugar o ônibus era 30% do preço das 30 passagens de ida e volta, foi então que surgiu um estalo de fazer um aplicativo pra revender essa viagem por 50% do preço mais ou menos, então ficaria 30% do lado de lá e 20% do lado de cá, meio modelo Uber, meio modelo Rappi.


Parece que muitas estavam sentindo esse problema, porque logo que a gente lançou teve muita demanda e crescemos bastante desde então. A oportunidade foi essa, colocar competição em um mercado que é meio dominado por um oligopólio no Brasil.


Letícia Santiago - Marcelo, no mês de março todos fomos surpreendidos com o começo da pandemia de covid-19. Muitas empresas de diversos segmentos foram afetadas e o setor de viagens foi bastante afetado. Como foi para você tomar a decisão de suspender as operações da Buser?

Acho que a Buser foi a primeira empresa a parar e a única a ficar 100% parada, a gente viu que poderia estar colaborando para a transmissão do vírus e achamos que era melhor parar. Mas foi péssimo, claro né, apesar de ter sido a coisa certa a fazer, a gente não se arrepende de forma alguma, mas é muito ruim, o negócio foi afetado de uma forma dramática, apesar de nós estarmos muito bem, porque havia muito dinheiro em caixa. Só que para uma empresa que vinha crescendo entre 5 e 10% por cento por semana há dois anos e meio, de repente você chega no escritório e fala: pessoal, está vindo um vírus e a gente vai ter que parar tudo, fechem todas as viagens em duas semanas. Claro que é muito ruim, mas faz parte da jornada do empreendedor, as coisas vão bem, as coisas vão mal, o que importa é você estar sempre comprometido com o propósito do seu projeto. Agora, a gente está retomando as viagens, claro com muita segurança por causa da Covid, mas está dando super certo de novo e temos certeza que no longo prazo não vai afetar, nosso sonho continua o mesmo e nossas oportunidades continuam as mesmas.


Paola Dionizio - Você sentiu medo ao tomar essa decisão?

Não, estava bem claro, porque já dava pra ver o que tinha acontecido, nessa altura do campeonato a Europa já tinha fechado, os EUA estavam começando a fechar, então era meio óbvio que era uma coisa que estava vindo e acho que o empreendedor deve ter isso, você lida com as coisas como elas são e não como você gostaria que elas fossem, é fazer o que tem que ser feito.


Paola Dionizio - Você contou que a partir de uma situação pessoal (casamento), você identificou uma grande oportunidade de negócio. Qual dica você daria para quem deseja ter esse mesmo insight e fazer um negócio dar certo?

Eu acho que o mais importante é começar ele (o negócio), da forma mais rápida e mais econômica possível. A primeira viagem da Buser foi reservada através de um Google Forms, não tinha site, não tinha app, não tinha nada. Tinha uma página no Facebook com o Google Forms, que a gente divulgou e foi suficiente. Eu vejo muitas vezes empreendedores perdendo muito tempo, querendo fazer muito desenvolvimento para colocar o produto deles no ar, sendo que na maioria das vezes o produto em si é plenamente executável sem tecnologia quase nenhuma, como era o nosso caso. É claro que você precisa de tecnologia para ir aumentando, então acho que para quem está nos primeiros dias é fazer as coisas o mais rápido possível e o mais economicamente possível, até depois que você está escalando é importante manter essa mentalidade para conseguir se manter ágil na medida que o projeto vai crescendo.


Letícia Santiago - E trazendo para essa questão de trajetória empreendedora, toda experiência que você tem, olhando um pouquinho para trás, faria algo diferente?

(risos) Ah, eu não gosto de ficar pensando muito nisso não, não dá pra mudar o passado, vamos mudar o pra frente (risos). Todo dia tento acertar, às vezes a gente acerta, às vezes a gente erra, mas quando você erra não tem como pensar se mudaria ou não, você leva aquilo de aprendizado para na próxima vez que enfrentar decisão semelhante poder avaliar melhor.


Paola Dionizio - Marcelo, olhando para atuação dos papéis de founder e CEO, na sua visão, quais habilidades você considera fundamentais para ser um bom líder?

Nossa, eu não sei, também estou aprendendo isso aí viu (risos). A Buser não é grande, a gente está com 70 pessoas na nossa equipe, então têm muitas empresas de bairro, comércios, que têm 70 pessoas, a projeção que o nosso caso tem é porque atacamos um problema que dói muito no bolso e na vida de muita gente que viaja de ônibus, por isso o projeto como um todo acaba tendo um destaque maior. Mas se você for olhar, a gente se enxerga como uma empresa pequena, apesar do impacto que estamos causando ser grande. E essa questão de liderança acho que também é uma coisa que você vai vivendo, é engraçado porque quando você começa um projeto não pensa que vai ter que virar um empresário, um gestor, você pensa: eu quero fazer as pessoas viajarem mais barato. Você consegue uma, duas, dez, vinte, duzentas mil vezes, e vai enfrentando outros problemas, acho que cada um vai encontrando seu caminho, estou aprendendo muito também.


Paola Dionizio - Como você faz para manter o propósito da Buser vivo dentro da empresa, na cabeça desses 70 colaboradores?

Eu me considero um péssimo gestor, mas eu acho que essa questão do propósito a gente conseguiu criar dentro da Buser, porque foi uma coisa 100% orgânica. É um problema com o qual me preocupo a nível pessoal e acho que isso acaba refletindo pra todo mundo. A empresa tem essa missão muito clara, a gente tem o diagnóstico claro de qual é o problema, qual é a solução e porque isso é melhor para todo mundo, é uma coisa orgânica nossa, a gente não tem que fazer um esforço pra falar disso, acho isso legal. Na verdade, é a primeira vez que eu trabalho em um lugar que tem um propósito claro, é meio que coincidência que eu seja fundador (risos), porque a gente não fez um esforço, o propósito era a razão de ser mesmo e o fato de ser realmente legítimo é que fez funcionar.


Letícia Santiago - Marcelo, como você mesmo disse, que ainda está aprendendo, está crescendo junto com a empresa, como você se imagina daqui a 10 anos? Onde quer levar a Buser?

O mais longe que der, espero que a gente possa olhar para trás e ver o setor de viagens bem mais aberto, bem mais democrático, bem mais barato e bem melhor. Se a gente conseguir olhar pra trás e enxergar que contribuímos para isso, muito bom, quer a gente tenha ganhado ou não essa batalha pelo amor dos consumidores.


Paola Dionizio - Marcelo, pra você, o que ainda falta no mercado brasileiro?

No mercado brasileiro falta tudo, eu pergunto para as pessoas qual empresa brasileira elas admiram a ponto de não precisar procurar outra, é quase nenhuma, porque tudo é muito ruim. Os bancos são péssimos, as empresas de seguros são péssimas, as rodovias são péssimas, tudo é ruim, então pra quem é empreendedor é pegar esses problemas e deitar a vaca pelo chifre, fazer melhor e fazer acontecer.


Paola Dionizio - E Marcelo, na sua visão, o que significa ter uma mente empreendedora?

Acho que é isso, ficar procurando problemas e tentando soluções, se você der a sorte de encontrar uma solução que realmente funciona para um problema, depois de você ter tentado várias outras e ter dado errado, aí vai pra próxima fase que é tentar transformar aquela solução em um negócio, mas tudo começa na solução de um problema.


Paola Dionizio - Você gostaria de deixar algum recado para quem deseja empreender no Brasil?

Bom, boa sorte! Precisamos do maior número possível de pessoas que queiram tentar. E se vocês precisarem de uma conta bancária, procurem a Stark Bank, porque é muito bom (risos).


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