João Costa | Série Empreendedores que Inspiram
- Stark Bank
- Feb 3, 2021
- 5 min read
Confira o bate-papo exclusivo com o Co-founder da Kovi
Formado em designer gráfico pela Barddal University, João Costa tem uma longa trajetória profissional e decidiu co-fundar a Kovi, uma startup que aluga carros para motoristas de aplicativo.
João bateu um papo com Letícia Santiago durante a série Stark Bank Entrevista: Empreendedores Que Inspiram, para compartilhar suas histórias, desafios, oportunidades e, principalmente, o que significa ter uma mente empreendedora. Confira a seguir!
Por que você decidiu co-fundar a Kovi?
Na época, eu e meu sócio trabalhávamos na 99, eu era diretor de produto e meu sócio general manager. Observávamos que para ganhar a vida, os motoristas precisavam enfrentar grandes desafios e o principal era realmente conseguir um carro, uma ferramenta de trabalho. Então, a Kovi nasceu com essa ideia de ser um agente de mobilidade urbana e ajudar os motoristas a trabalharem melhor.
Pra você, o que é ter propósito profissional?
Pra mim o propósito é o que move tudo, é o que te ajuda a falar o que é certo ou errado e definir para onde a empresa está indo. Acho que ter propósito não só move as pessoas para algum lugar, mas nos ajuda a pôr o pé no chão. Por exemplo, o nosso propósito é melhorar a mobilidade urbana e ajudar os motoristas a trabalharem melhor, mais tranquilos e com um bom carro, então tudo que sai desse propósito conseguimos identificar e voltar ao foco.
Como a Kovi está lidando com a pandemia de Covid-19? Vocês encontraram oportunidades de negócio e dificuldades?
Acho que a pandemia não foi fácil pra ninguém, não teve nenhuma empresa que a adorou (risos). Tem uma questão humanitária, ver pessoas morrendo choca e comove, e a gente se sente impotente. Tivemos um desafio muito grande bem no início da pandemia, entre março e abril de 2020, porque vimos a nossa base de motoristas reduzir bastante, já que eles não conseguiam trabalhar, grande parte das empresas começaram a ficar remotas, foi uma situação difícil pra todo mundo. Mas no nosso caso, como a gente está bem capitalizado, conseguimos montar um planejamento para passar pela pandemia de forma bem estruturada, conseguimos montar um plano de ação e preservar a saúde dos nossos colaboradores, então passamos mais tranquilos. Mas claro, tivemos dificuldades como qualquer empresa, precisamos nos adaptar ao novo normal e aprender a trabalhar remotamente. Focamos muito na saúde dos nossos colaboradores, então a galera que não precisa estar na operação fica remotamente e somente quem precisa estar na linha de frente pegando carro, entregando carro, que está lá, mas criamos procedimentos de segurança para preservar a saúde deles.
Você sempre quis ser empreendedor?
Sim, eu sempre tive vontade de ter minha própria empresa, já fundei outras empresas, já quebrei outras empresas. Acho que eu sempre busquei na minha carreira profissional causar impacto na vida das pessoas, eu sempre busco pensar o que estou fazendo hoje que está de fato mudando a vida das pessoas. Sempre busquei isso em todos os lugares que passei e hoje sou super realizado, porque consigo desenvolver tecnologia e ao mesmo tempo ajudar os motoristas, então é algo muito incrível.
Qual é a lição mais valiosa que você aprendeu nessa jornada empreendedora?
Tem várias lições muito importantes, mas acho que a principal delas é não desistir do sonho e errar rápido para poder acertar rápido. A jornada como um todo é um baita aprendizado, as vezes você se depara com uma situação e pensa que já viveu aquilo, mas óbvio que ela não vai ter a mesma solução, porque cada empresa tem uma dinâmica diferente, são pessoas diferentes, então não dá pra assumir que se sabe tudo. Acho que isso de acreditar que você está sempre aprendendo e errar rápido pra acertar rápido é um grande aprendizado.
O que você só foi aprender sobre empreendedorismo colocando em prática?
Acho que o principal ponto é que você trabalha mais que todo mundo (risos). É algo que a galera comenta sobre o empreendedor ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair, mas nunca imaginei que seria algo tão intenso.
De modo geral, o que você acha que ainda precisa mudar nesse universo de aluguel de carros para motoristas de aplicativos?
Acho que o primeiro ponto que estamos mudando, mas ainda não 100%, é a questão do preço. Primeiro, o carro não ser uma propriedade da pessoa, mas sim uma ferramenta de trabalho, é algo que foi uma mudança muito profunda e leva tempo. Acho que no Brasil a gente vai ver ao longo do tempo isso acontecendo, o carro não ser mais o sonho de consumo de compra das pessoas e sim o sonho de consumo de uso. Ou seja, você paga para usar um carro e não para tê-lo. Olhando para o mercado da Kovi, estamos conseguindo tornar o carro muito mais acessível para os motoristas, quando abrimos a empresa há 2 anos, o aluguel semanal era R$ 500/600 por semana, agora já está no patamar de R$ 400, e a Kovi é mais barata do que outras empresas do mesmo segmento, tivemos um impacto muito positivo.
O que você espera para a Kovi daqui a 10 anos?
Eu vejo a gente com uma frota de carros elétricos e reduzindo o impacto ambiental, é algo que já estamos discutindo. Mas ainda precisa ganhar um grau de maturidade, saber lugares para carregar o carro elétrico, etc. Olhando para o futuro, vejo a Kovi realmente como um grande gestor de ativos de mobilidade urbana.
Pra você, o que significa ter uma mente empreendedora?
É ver possibilidade em todo desafio, basicamente é isso. Todo desafio você enxerga como uma possibilidade de melhorar, aprender, corrigir, acho que essa humildade que muitos empreendedores carregam é algo que os movem dentro do nosso país.
Quais são as principais dificuldades que você percebe no dia a dia do empreendedor?
O Estado Brasileiro é um desafio para os empreendedores e para as empresas, a gente percebe que não só a Legislação Tributária é pesada no Brasil para startups, pois empresas que estão consolidadas lidam bem com impostos, mas para empresas nascente que são como uma plantinha, a carga tributária é muito pesada em todos os níveis, não só para manter a empresa rodando, mas também pra contratar pessoas. Se você quer crescer, vai ter que pagar muito imposto para as pessoas que vão trabalhar na sua empresa, esse é o primeiro ponto que vejo como desafio para ser empreendedor no Brasil. Segundo ponto, é a forma como o Estado conduz algumas situações, a Buser é um grande exemplo porque está enfrentando várias guerras de máfia e o estado sendo usado para defender o interesse de algumas pessoas.
Gostaria de deixar uma dica para quem já é empreendedor ou está iniciando a jornada?
Não desista do seu sonho, vão ter dias de glória e de derrotas, mas não desista. Empreender é algo que traz valor para sociedade e precisamos de mais empreendedores, pessoas que estão olhando problemas da sociedade e ajudando a resolvê-los. Não foque no dinheiro, foque no problema que está resolvendo.
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