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Ludmila Pontremolez | Série Empreendedores que Inspiram

  • Writer: Stark Bank
    Stark Bank
  • Jan 27, 2021
  • 7 min read

Confira o bate-papo exclusivo com a Co-founder da Zippi

Graduada em Engenharia da Computação pelo ITA, Ludmila Pontremolez conhece bem os desafios do empreendedorismo feminino. Ela já trabalhou em grandes empresas de tecnologia nos Estados Unidos, como a Microsoft e a Nasa, até que decidiu co-fundar a Zippi, um banco criado para melhorar a vida do autônomo brasileiro.


Ludmila bateu um papo com Letícia Santiago durante a série Stark Bank Entrevista: Empreendedores Que Inspiram, para compartilhar suas histórias, desafios, oportunidades e, principalmente, o que significa ter uma mente empreendedora. Confira a seguir!


Letícia Santiago - Por que decidiu criar a Zippi?

Ludmila Pontremolez - Quando a Zippi surgiu, eu ainda não fazia parte, entrei um pouquinho depois. Então, tudo começou em um papo entre meus sócios e um amigo que tinha uma plataforma de marketplace para trabalho autônomo. A gente percebeu que existia um problema de giro na vida do autônomo e que dando acesso à um pequeno crédito, poderia ser uma possibilidade de geração de renda muito maior. Atualmente, oferecemos um cartão de crédito que é semanal, trata-se de um pequeno crédito que se renova rapidamente. Por exemplo, um motorista de Uber consegue colocar a gasolina sem ter que se preocupar em usar o cartão de débito, dinheiro, etc, ele consegue colocar tudo no cartão da Zippi e não tem que se preocupar com a necessidade de gasolina para trabalhar. A gente sempre ouve histórias de clientes que saem para trabalhar com o tanque quase vazio, fazem uma corrida no dinheiro e usam o valor para abastecê-lo. Com o nosso cartão, os clientes conseguem se organizar e ter uma vida mesmo com todas as turbulências que é ser autônomo no Brasil e com toda a vulnerabilidade a que eles estão sujeitos, eles conseguem ter um pouco mais de estabilidade, pelos menos saber que tem fluxo de caixa para determinada semana. Isso tanto para o negócio quanto para a vida pessoal, porque sabemos que às vezes não chega dinheiro suficiente para colocar comida dentro de casa.


Você é mulher, empreendedora e trabalha com tecnologia. Como você vê a questão da representatividade feminina?

Como empreendedora, vejo muita esperança, mas algumas vezes estava em reuniões com meus sócios e quando alguém fazia uma pergunta técnica só se dirigia a eles, então eles direcionavam pra mim, mas mesmo assim tornava acontecer (risos). Tenho sócios muito sensíveis e conscientes, quando acontecem essas situações eles sempre tomam partido para abrir espaço para mim. Mas a maneira que vejo hoje é muito mais de como na minha posição consigo empoderar mulheres e criar um ambiente no qual elas tenham espaço igualmente aos homens, isso é um papel muito ativo na verdade. Passei a maior parte da minha carreira nos EUA e voltando para o Brasil tive um choque de como o machismo é arraigado, pessoas bem intencionadas cometendo pequenas agressões. O meu papel hoje é não deixar essas coisas passarem batido, agora nem penso mais em mim, penso em quem vou impactar, pessoas que estão iniciando a carreira, tem menos voz ou coragem de falar porque acham que vão ser prejudicadas. Me sinto em uma posição privilegiada de poder estar do outro lado da mesa gerando uma cultura que é mais inclusiva.


Para você, o que é ter propósito profissional ?

O propósito profissional sempre esteve atrelado à necessidade de causar uma mudança na sociedade, um impacto. Isso parece meio genérico, mas para mim é bastante tangível, minha formação de engenheira da computação entra muito nessa equação sobre como que eu, na posição de engenheira consigo gerar progresso através da tecnologia, através das experiências que tive construindo tecnologia em lugares referência no mundo, como consigo garantir o avanço tecnológico, a geração de emprego, a formação de pessoas e colocar o Brasil em uma posição competitiva.


Como a Zippi está lidando com esse período de Covid-19? Encontram desafios e oportunidades?

Tínhamos vários clientes pagando empréstimo, então mandamos e-mail informando que quem quisesse, poderíamos suspender a cobrança. Também congelamos todos os boletos e decidimos não emitir nada por três meses, podendo ser expandido para quem precisasse de mais tempo. Sentimos nossos clientes com bastante dificuldade para trabalhar e aqueles que se deram melhor, foi porque conseguiram executar outras funções. Mas foi bastante difícil, como nosso cartão de crédito é semanal, ouvimos de muitos clientes que isso ajudou a "segurar a bronca", porque se a pessoa começa a semana com R$250,00, já é uma vantagem e também oferecemos um pagamento mínimo bem baixinho. Colocamos as taxas de juros lá no chão e com isso eles quase não sentiram o parcelamento, era algo que não impactava muito. Mas o que muda mais macro é que essa classe de trabalhador autônomo, que trabalha sem chefe, pode aumentar bastante por conta do aumento no desemprego, então esperamos ver mais pessoas entrando para o trabalho autônomo também.


Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu durante a sua jornada empreendedora?

Vou falar algo que é muito sincero e parece simples, mas é justamente conversar com os clientes. A gente acha que ser empreendedor é ter uma ideia genial, levantar um monte de dinheiro e contratar um time, mas na verdade não, você percebe alguma dor na sociedade, porém se não tiver um conhecimento visceral de como aquela dor está impactando o seu cliente, não vai conseguir construir uma solução que se encaixe na vida dele. Na Zippi somos obcecados por conversar com nossos clientes e entender a fundo a dor. É claro que finanças é um assunto que muitas vezes as pessoas tem vergonha, muitas já se enrolaram, estão negativadas, tem traumas de produtos financeiros, então a gente está lidando com um assunto delicado e conversar com os clientes de maneira efetiva para entender onde está a dor, é algo que nos especializamos em fazer. Hoje, entendemos nosso clientes de uma maneira única e por isso nosso produto é tão poderoso, porque a gente entrou realmente na vida do autônomo, tiveram semanas que eu ia ao trabalho e conversava com 2 ou 3 clientes por dia, nunca imaginei que isso seria a vida de uma empreendedora.


O que você só foi aprender sobre empreendedorismo colocando em prática?

Quero falar de duas coisas, uma é a montanha russa emocional, porque no mesmo dia você pode estar no céu e depois descer até o poço (risos), é muito intenso. Por exemplo, você está em uma conversa com um investidor e o papo foi ótimo, mas o seu funcionário está com um problema pessoal, então isso é péssimo. É muito difícil, tem que estar com a atividade física em dia, a meditação em dia, pois são muitos altos e baixos e a reação tem que ser imediata, porque todos os olhos estão em você dentro da empresa, como você reage e tem serenidade para tomar as decisões com eficiência é muito importante. A segunda coisa foi uma surpresa muito legal do empreendedorismo, porque os empreendedores se ajudam, as pessoas se ajudam muito, é incrível, estou em vários grupos de empreendedores e se você faz uma pergunta, as pessoas se disponibilizam para mostrar o caminho das pedras e conversar. Toda semana falo com dois ou três founders para tirar dúvidas, oferecer ajuda, então é uma rede que se apoia bastante, é muito legal!


Como foi pra você essa transição de se ver ao mesmo tempo founder e gestora?

Olha, ainda não digo que cheguei lá (risos), tenho um time que é muito próximo, tivemos uma experiência bem legal na Zippi, que foi quando participamos da Y Combinator, a gente levou o time inteiro para morar junto na Califórnia, na época éramos em 10 pessoas, então alugamos uma casa, todos dividiam o quarto, e na sala ficávamos em uma mesa com 10 monitores trabalhando intensamente, todos os dias juntos. Foi um convívio intenso e por isso acendeu uma luzinha, porque estava muito estressante e a gente precisa estar perto das pessoas para entender se elas estão bem, como elas estão lidando com isso, porque passaríamos 90 dias por lá e o final era incerto, já que não sabíamos se conseguiríamos levantar dinheiro ao final desses três meses. Foi uma montanha russa, pois tínhamos que olhar para o funcionário holisticamente e ao mesmo tempo estávamos bem perto no dia a dia, então como balancear isso de ser um gestor e estar lavando louça junto ao mesmo tempo. Essa experiência nos colocou em um estilo de gestão muito próximo, conversamos muito, não nos vemos tanto como uma liderança separada, mas sim, agindo junto como um grande time.


Pensando a longo prazo, o que você espera para a Zippi dentro de 10 anos?

Estamos em um momento muito legal com todas as agendas do Banco Central voltadas para democratizar o acesso à informação, então é muito promissor, o nosso produto necessita do Pix para funcionar bem, pois diminui os custos. Mas em termos de empresa, nos imagino criando várias verticais de produtos que se conversam, porém todos focados no autônomo. Entender todas as particularidades do ciclo de vida do autônomo, o momento em que ele precisa de um empréstimo para construir um negócio, de um empréstimo para crescer a casa dele e outros produtos de benefício também, porque o autônomo não tem um plano de saúde fácil de contratar para a família, essas coisas ainda são muito burocratizadas. Como a empresa que os autônomos amam, temos um canal muito forte para oferecer produtos que tornam a vida deles mais fácil, já que o que queremos fazer é garantir ao autônomo uma vida semelhante a de um CLT, com a sensação de segurança, que ele vá dormir todas as noites sabendo que vai conseguir pagar as contas daquele mês.


Gostaria de deixar uma dica para quem já é empreendedor ou está iniciando a jornada?

Eu vejo muita gente travadas nesse comecinho e a melhor coisa a fazer é conversar com pessoas, com outros empreendedores, você tem que sair da sua zona de conforto e interagir com o mundo, ficar só pensando em casa não resolve, não leva a lugar nenhum, essa é uma dica. E para quem está começando e já está com o negócio caminhando um pouquinho, invista muito nos seus processos seletivos, invista em escolher as pessoas que vão para o seu time, isso faz muita diferença, porque quando é uma pessoa que se encaixa, ela vai multiplicar e deixar a cultura da empresa ainda mais rica. Mas quando não encaixa, cria-se uma zona negativa que é muito difícil de desfazer, então escolha os seus Co-Founders e funcionários com toda a atenção que você puder.


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