top of page

Guilherme Assis | Série Empreendedores Que Inspiram

  • Writer: Stark Bank
    Stark Bank
  • Oct 26, 2020
  • 9 min read

Updated: Jan 19, 2021

Confira o bate-papo exclusivo com o CEO e Co-Fundador do Gorila

Formado pela Escola Politécnica da USP, Guilherme Assis tem uma longa trajetória no mundo de investimentos e do empreendedorismo. Foram muitas experiências carregadas de aprendizado, até ele decidir co fundar o Gorila, uma plataforma responsável por consolidar e controlar os investimentos dos clientes em um único ambiente.


Guilherme bateu um papo com as apresentadoras Paola Dionizio e Letícia Santiago durante a série Stark Bank Entrevista: Empreendedores Que Inspiram, para compartilhar suas histórias, desafios, oportunidades e, principalmente, o que significa ter uma mente empreendedora. Confira a seguir!


Letícia Santiago - Por que você decidiu criar o Gorila?

Guilherme Assis - A minha história no mundo empreendedor começa bem antes do Gorila. Me formei entre 2002 e 2003 e fui trabalhar em banco durante quase 10 anos. Em 2009, voltei para o Brasil e decidi montar uma gestora, acho que minha trajetória empreendedora começa em uma transição de sair do mundo corporativo de banco e empreender dentro do próprio mercado financeiro. Montar uma gestora passa por todo o processo de uma empresa, então você precisa contratar time, se preocupar com escritório e com tudo que uma empresa tem. Foi quando começamos a ter mais contato com a tecnologia, porque quando estávamos montando a gestora, basicamente precisamos montar todos os sistemas. Apesar da minha formação ser em engenharia, nesse meio do caminho em bancos não tive muito contato com tecnologia, era um contato maior com o mercado financeiro, ações, renda fixa, tanto aqui no Brasil quanto lá fora. Mas no processo de construir a gestora, começamos a entender o que era desenvolver um produto, fazer software, etc.


Nessa época, chegamos a ter quase 20 desenvolvedores e foi quando começamos a olhar para esse mundo. Tinha muita gente recém-formada na faculdade que já estava falando desse mercado de tecnologia fora do país e a gente começou a olhar para essa indústria. Ficou claro que era uma tendência muito forte que viria para o Brasil e foi quando resolvemos entrar nesse mundo com o chapéu de investidor e não com o chapéu de empreendedor. Quando passamos a investir nosso próprio capital em empresas de tecnologia, começamos a pegar gosto pelo negócio, fomos aprendendo muito com as histórias de fracasso e acho que uma coisa importante no mundo do empreendedorismo é isso, você acaba aprendendo muito mais com fracassos do que com as vitórias e você também começa a entender como é difícil empreender, no Brasil especialmente. Em 2015, pensamos em criar algo no mundo de investimos, que já conhecíamos e foi aí que nasceu a ideia do Gorila. Foi muito baseado em olhar o mercado, entender as dores e para onde esse mercado ia no Brasil. Para empreender no Brasil eu não acho que é fazer copycat aqui você tem que entender efetivamente como as coisas funcionam, regulação, etc.


Paola Dionizio - Pra você, o que seria ter propósito profissional?

Acho que essa palavra é fundamental, porque todo empreendedor precisa achar um propósito e o nosso propósito especificamente é mudar a indústria de investimento. Acho que o mercado de investimentos é fundamental para a vida do brasileiro pobre, para o brasileiro médio e para o brasileiro rico também. E torná-lo mais eficiente, trazendo educação financeira para as pessoas e mecanismos para ligar o capital à produção, às empresas, ao crédito e aos projetos, é fundamental para o país se desenvolver.

Acredito que o nosso propósito aqui seja transformar essa indústria para torná-la mais eficiente, para colocar um investidor no centro de toda a jornada de investimento e com isso melhorar a vida do brasileiro, tanto de quem é investidor quanto do que é empregado ou empreendedor, porque na hora que você consegue ligar esses mundos as coisas acontecem, as pessoas investem, os mercados de capitais se desenvolvem, o investidor consegue ter uma poupança para a aposentadoria, uma poupança para pagar a faculdade do filho dele, etc. Acho que as novas gerações estão cada vez mais preocupadas com o propósito, óbvio que todo negócio em si é para ganhar dinheiro no final do dia ou não é sustentável, não consegue crescer, mas só isso não basta. Cada dia isso está mais claro, o que fazemos não deve ser apenas para mudar a nossa vida, mas a vida das pessoas ao nosso redor, acho que isso é propósito profissional.


Letícia Santiago - Na sua visão, qual é a principal dificuldade de levar educação financeira para as pessoas?

Acho que antes de educação financeira falta educação! Acredito que estamos em uma curva de aprendizado bastante interessante, que neste ano está vindo até por necessidade, porque a partir do momento que temos os juros caindo tanto, as pessoas precisam ir atrás de renda, de alternativas para poder poupar e o melhor professor é a experiência, isso não necessariamente é bom, mas essa geração que está se aventurando um pouco mais na Bolsa, que está precisando se mexer, vai saber muito mais de investimentos do que gerações anteriores. Quando falamos de educação financeira, é muito importante também a parte do poupar, ter reserva de emergência e se planejar, porque educação financeira é você se planejar. Depois que você se planeja, pode montar uma poupança e depois começar a investir.


Hoje temos mais informação graças à internet, influencers, tem muita coisa errada também na internet, mas tem muita coisa certa também, por isso o desafio é chegar na informação de qualidade. Como empresa, obviamente nós temos o propósito de ajudar os investidores a chegarem nessa informação e eu acho que isso vai acontecendo também conforme as pessoas investem mais e começam a ter mais experiências.


Também valorizamos muito o papel do profissional do investimento, porque é fundamental na educação dos investidores aqui no Brasil. E com profissional de investimento eu quero dizer consultores, agentes autônomos e até gerentes de bancos. Eles são os caras que fazem a última interação com o cliente e a gente está vendo um fenômeno superlegal e relevante, já que esses profissionais também estão se educando mais e isso ajuda muito na cadeia como um todo. O papel desse profissional não é só passar conhecimento para o cliente, mas também trazer disciplina.


Paola Dionizio - Como vocês estão lidando com a pandemia de Covid-19? Tiveram impactos significativos nos negócios de vocês ou encontraram oportunidades?

Acho que tivemos muita sorte, primeiro porque somos uma empresa de tecnologia, então grande parte do nosso valor está nas pessoas, está no time. Hoje em dia, você consegue trabalhar de forma remota tranquilamente, antes da pandemia já tínhamos desenvolvedores e colaboradores que trabalhavam remotamente, então a transição foi muito fácil e já tínhamos toda a infraestrutura para fazer isso. Do ponto de vista de negócio, acho que especificamente falando do mundo de investimento, ele não foi nem um pouco afetado, muito pelo contrário, acredito que com as pessoas ficando em casa, começaram a ir mais atrás de investimentos e se preocupar mais com controle de investimento. Acho que isso é efeito da pandemia casada com esse contexto macroeconômico de juros baixo, que causou até meio que um boom na indústria. De janeiro para fevereiro, a gente saiu de quase 1,5 milhão de CPFs da Bolsa para quase 2 milhões, em um intervalo de tempo super curto. Isso mostra esse cenário, que para investimentos é positivo.


Paola Dionizio - Qual foi lição mais valiosa você aprendeu na sua jornada empreendedora ?

A resiliência! O empreendedor toma muita porrada (risos) e no Brasil toma mais. Nem sobre a minha (jornada) estou falando, mas de todos os casos que vi. As pessoas acabam ouvindo as histórias bonitas e as feias não são contadas. Mas, são nas feias que nós vemos os aprendizados e entendemos o que é resiliência. Então, acho que a principal qualidade do empreendedor é essa, é ser resiliente, é saber tomar porrada, porque ele vai tomar muita porrada. É preciso ser até um pouco louco, porque no final do dia o empreendedor tem que atravessar um muro e ele tem que acreditar que é possível. Às vezes não dá, mas o cara que atravessa o muro é aquele que está lá tentando (risos).


Acho que essa é uma qualidade fundamental e saber lidar com a derrota, que na minha visão é derivada da resiliência. Então é você tomar porrada, não dar certo, começar de novo, tentar de um jeito ou de outro, até dar certo, é assim que se comporta um otimista resiliente. Essa é a principal característica e isso não é condição suficiente para dar certo (risos), é preciso saber disso para lidar com tudo que vem a partir do fracasso. Acho que essa a principal lição dos últimos 10 anos que estou mais envolvido com o mundo do empreendedorismo.


Letícia Santiago - O que você acha que ainda precisa mudar no nosso mercado financeiro?

Apesar de muita gente falar que ele é digital, acho que o mercado financeiro é pouco digital ou pelo menos algumas áreas são. O que eu acho que ainda precisa melhorar e é até um pouco da missão do Gorila, é realmente colocar o cliente mais no centro da jornada e o que significa isso? Significa ter mais competição. Hoje, no Brasil, temos poucos e grandes bancos e acredito que exista uma razão histórica para isso, se a gente vai lá para o final de 1980 e início de 1990, com aquelas crises inflacionárias, não existia tanta tecnologia para controlar as coisas, então o regulador tinha que se preocupar muito com esse risco sistêmico, logo se existissem muitas instituições acabaria gerando um grande problema para controlar tudo. O que estamos vendo atualmente é superlegal, é um regulador com uma mentalidade totalmente pró-competição, agora temos o Open Banking vindo vindo aí, justamente para mudar esse status e trazer mais competição, obviamente mantendo a preocupação do risco sistêmico, realmente tem que ser uma preocupação do regulador, mas é importante aumentar a competição e beneficiar o cliente, que é justamente o que a tecnologia faz.


Se você olhar para trás muitas transformações aconteceram, por exemplo, o varejo físico indo para o e-commerce, e agora chegando no mercado financeiro do Open Banking, mas precisa de tempo para que a tecnologia consiga ser desenvolvida, tanto do ponto de vista de tecnologia quanto de regulação para que isso aconteça. Estamos na direção certa, mas vai levar pelo menos um 5 anos até chegar em um mundo mais ideal.


Paola Dionizio - O que você descobriu na prática empreendendo que ninguém nunca tinha te contado, que ninguém tinha te dito que você iria enfrentar na sua jornada?

Que você está muito sozinho, mas que também existem muitas pessoas nesse mundo de empreendedorismo dispostas a ajudar. Você realmente tem que brigar por um lugar ao sol, precisa trazer valor para o seu cliente para achar o seu lugar ao sol, mas que ao mesmo tempo apesar de você estar sozinho brigando pelo teu espaço como empresa, existe uma comunidade, um ecossistema de empreendedores que se ajudam muito, que são pessoas que estão passando pela mesma coisa. É aí que o empreendedor acaba achando o seu espaço, para trocar ideias, dividir frustrações e sucessos. Acho que essa primeira lição que eu aprendi, sobre a necessidade de ganhar um lugar ao sol, apesar de ter que lutar por esse espaço, existe uma comunidade que está amadurecendo muito no Brasil, que acaba trazendo bastante suporte.


Letícia Santiago - O que você deseja para o Gorila a longo prazo?

Queremos ser um pedacinho dessa mudança que está acontecendo. Realmente vemos uma mudança de paradigmas acontecendo no mercado financeiro e a gente vai sair de um mundo onde você tem grandes players verticalizados e vai para um mundo de ecossistema, queremos fazer parte disso. A nossa ambição é essa, participar dessa transformação, ajudar a acelerar essa transformação e depois que ela acontecer, ter espaço e trazer valor para todos os players que estão conectados com a gente.


Paola Dionizio- O que você poderia deixar de mensagem para quem está com vontade de empreender no Brasil?

Acho que empreender não é para todo mundo e não necessariamente empreender é uma coisa boa. Existem coisas tristes que acontecem no empreendedorismo e se você vai embarcar nessa jornada tenha certeza disso, porque se você não tem essa convicção, não vale a pena entrar nessa jornada. Agora se entrar e for até o fim, vai valer a pena, pense bem antes de fazer qualquer movimento e depois que tomar essa decisão não olhe para trás e vá de encontro ao muro para você poder atravessá-lo. Esse que é o principal conselho que eu dou para quem entra nesse mundo, se tomou alguma decisão não se arrependa e siga em frente porque vale a pena.


Letícia Santiago - Na sua visão, o que é ter uma mente empreendedora?

Ir atrás das coisas! Quando você está em uma empresa redonda e o pessoal te joga uma bola quadrada, você reclama da vida porque a bola chegou quadrada. Agora quando você está empreendendo a bola não vem, não tem bola ou você nem sabe o que é a bola, é um vaso ali no canto que você acha que pode ser uma bola (risos). Então a mente empreendedora é exatamente isso, é você ir atrás da bola e tentar achar um espaço, um mercado, um problema e se dedicar a resolvê-lo. A mente empreendedora não pode estar acomodada e nem parada, se ela estiver acomodada e parada ela não faz nada. É preciso ser inquieto, precisa criar, estar procurando essa bola, se não ela nunca vem, nem a quadrada (risos).


Kommentare


©2020 by Blog Stark Bank.

Siga-nos

  • LinkedIn
  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
bottom of page