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Gabriel Benarrós | Série Empreendedores Que Inspiram

  • Writer: Stark Bank
    Stark Bank
  • Oct 1, 2020
  • 8 min read

Updated: Jan 19, 2021

Confira o bate-papo exclusivo com o CEO e founder da Ingresse

Natural do Amazonas, Gabriel Benarrós foi aceito em 17 instituições dos EUA e optou por cursar economia e psicologia na Universidade de Stanford. Ele foi seguindo sua jornada, até que decidiu fundar a Ingresse, uma plataforma de experiências de entretenimento ao vivo que facilita a compra e venda de ingressos online, além de oferecer soluções para todos os tipos de evento.


Gabriel bateu um papo com as apresentadoras Paola Dionizio e Letícia Santiago durante a série Stark Bank Entrevista: Empreendedores Que Inspiram, para compartilhar suas histórias, desafios, oportunidades e, principalmente, o que significa ter uma mente empreendedora. Confira a seguir!


Letícia Santiago - Por que você criou a Ingresse?

Gabriel Benarros - A Ingresse tem o objetivo de trazer para as pessoas experiências inesquecíveis, achamos que a coisa mais valiosa que temos na vida são esses momentos. Quando ficarmos velhinhos vamos lembrar da nossa vida, não vamos pensar nas coisas que compramos, mas sim nas experiências que vivemos. A Ingresse é uma plataforma que conecta as pessoas com esses momentos que consideramos tão importantes.


Paola Dionizio - Dentro dessa perspectiva de conexão de pessoas com experiências, na sua visão, o que é ter um propósito profissional?

Tem um conceito japonês chamado Ikigai, que é a intersecção daquilo que você faz muito bem (a sua vocação) com o que o mundo precisa.Ou seja, seu impacto no mundo exterior com o que remunera você bem, trazendo assim estabilidade financeira. Ikigai é a intersecção desses segmentos e na minha opinião isso representa o que é propósito profissional.


Paola Dionizio - Como você conheceu o conceito Ikigai?

Eu sou apenas um fanático do Japão e da cultura japonesa. Ainda não tive a oportunidade de ir, eu ia esse ano, mas a pandemia acabou com os meus planos (risos).


Letícia Santiago - Por falar em pandemia, sabemos que 2020 está sendo um ano bem complicado para as empresas de diferentes segmentos. Como você está lidando com esse período?

Viagens, shows, entretenimento ao vivo, hotelaria, são os mercados mais afetados, tudo que envolve contato com muita gente. Muitas vezes os momentos mais importantes que temos são em contato com as pessoas, então o nosso segmento está passando pela maior crise que já vimos no mercado de entretenimento ao vivo. Fizemos três coisas em resposta ao COVID-19. A primeira foi cuidar da equipe, acho que muitos empreendedores de tecnologia tem essa cultura voltada para pessoas. Mandamos todo mundo pra casa para se protegerem, seguirem todas as diretrizes da OMS e assim nos certificarmos que estaria todo mundo bem e com saúde. A segunda coisa que fizemos foi nos readaptar, tivemos que pensar em uma nova estrutura, em produtos novos como a venda de eventos online via streaming entre outros, ou seja, uma nova forma de trazer essas experiências tão especiais nesse momento em que todos precisam ficar em casa. A terceira coisa foi gerar conhecimento e compartilhar com o resto do mercado os aprendizados que achávamos que teriam valor para outras empresas.

Estamos tentando entender como vai ser o futuro após a vacina e após o retorno dos eventos. Agora é um ótimo momento para aprender, estudar e nos preparar para quando essa volta ocorrer. As pessoas sentem falta de eventos, contato humano, experiências ao vivo e por isso, essa volta vai ocorrer de maneira muito forte Uma coisa que o Covid mostrou é o valor de ir em um show, poder ouvir música ao vivo, ir em uma festa, encontrar pessoas. Todos sentimos falta disso.


Paola Dionizio - Qual a lição mais valiosa você vem aprendendo nessa jornada empreendedora ?

Têm muitas. Uma que eu gosto muito tem a ver com o recrutamento de pessoas, quando estamos entrevistando, procurando pessoas para compor a equipe, sempre procuramos algumas características. Uma coisa que aprendi na minha jornada empreendedora é que, ao escolher os seus parceiros de caminhada, eu notei que a coragem é mais importante do que inteligência. Muitas vezes somos seduzidos por inteligência, por pessoas extremamente talentosas, com o QI muito alto, etc. Só que isso não serve de nada se a pessoa não tem a coragem de tomar decisões certas, resiliência de continuar buscando em momentos difíceis e também, aquela firmeza de tomar sempre a decisão mais ética. Talento sem coragem não tem guia, ele se perde no meio de um monte de incentivos que encontramos na nossa caminhada.


Leticia Santiago - O que ninguém nunca te contou sobre empreendedorismo que você só descobriu na prática?

Que empreender não é romântico (risos). Às vezes você olha a revista, a reportagem e tudo parece um caminho muito rosado, só que na verdade eu comparo o empreendedorismo com o balé. A gente vê o show e os bailarinos leves, aquela coisa bonita e ensaiada, poucas coisas são tão graciosas quanto o balé. Mas aqueles bailarinos estão machucados, cansados, tem uma rotina completamente desumana, estão com os pés inflamados, etc. Empreender é assim, você vê aquelas duas horas do espetáculo, acha que aqueles caras são super heróis, são graciosos, mas a verdade é que por trás dos bastidores, grande parte da jornada tem a ver com suor e dor. Essa é a parte mais valiosa, que é onde você aprende de verdade.


Paola Dionizio- O que você acredita que ainda precisa mudar nesse universo de compra e venda de ingressos e oferta de entretenimento ?

Acho que muita coisa que a gente fazia precisava de uma reinvenção, alguns exemplos são as vendas de ingressos offline. Acho que não tem mais necessidade de ter um monte de quiosques espalhados pelo shoppings ou óticas para fazer venda de ingressos. Com o Covid, as pessoas perceberam que podemos migrar para o online, isso já foi falado várias vezes, mas a pandemia acelerou a penetração online em muitos segmentos, seja quando você começa a fazer compra pelo Rappi ao invés de ir ao mercado, ou quando descobre que não precisa se deslocar até o ponto de venda para adquirir um ingresso. Apesar disso não ser mais uma realidade em São Paulo, era uma realidade em muitos outros estados brasileiros, talvez na maioria dos estados os ingressos ainda eram vendidos de forma offline.

Também acho que vamos nos livrar do dinheiro, pois é uma coisa que muitos países já fizeram. Por exemplo, a Alemanha tirou dinheiro de museus e casas de shows por ser um vetor de contágio, não é tão higiênico quanto transações completamente digitais. Hoje, nós temos os meios, as ferramentas para fazer compra e venda usando outras formas de pagamento que não seja dinheiro, temos muita tecnologia financeira à disposição, falta só ser aplicada.

Uma mudança mais futura que a gente acredita que deve acontecer, é a transmissão de todos os eventos em live streaming. Então, quando tivermos o retorno dos eventos, grandes festivais e shows, vamos ter a opção de vê-los presencialmente, ou comprar esse conteúdo para assistir remotamente. Esse é um formato escalável e não tem tanto custo adicional para o produtor que já montou a estrutura física para fazer a produção ao vivo. Durante a pandemia um dos aprendizados do país foi o quanto nós brasileiros somos engajados em conteúdos como as lives, que foram feitas por grandes artistas. Temos vendido shows online e o mais recente foi do Seu Jorge, no qual ele fez uma apresentação chamada The Life Aquatic, que aconteceria no Brasil. Ele fez esse show completamente online e foi vendido pela nossa plataforma, usando uma ferramenta que criamos chamada Ingresse Studio, que ajuda esses artistas a venderem conteúdo online de entretenimento.


Paola Dionizio- Teve mais oportunidades também, não só mudou a lógica, mas abriu caminhos para vocês...

Com certeza, o mercado de streaming não tem limites físicos, diferente do mercado de show físico. Quando você está numa arena, por exemplo, por maior que seja o número de vendas daquela arena, existe um limite para a quantidade de pessoas que não pode ser ultrapassado. Agora, quando você está falando de vendas de shows online, o mundo inteiro, não só o Brasil, é um possível comprador. Esse show do Seu Jorge foi vendido na Europa, Japão e América do Norte. É um formato que não fazíamos antes da pandemia, e nesse sentido a pandemia forçou a nossa internacionalização.


Letícia Santiago - O que você espera para a Ingresse dentro de 10 anos ?

Dez anos? Esse ano parecem dez anos (risos). Mas a nossa visão de longo prazo é ajudar as pessoas a encontrarem conteúdos que elas amam. A visão do futuro da Ingresse é que você consiga olhar para a gente como uma forma de descobrir eventos e experiências novas, não olhar para o app apenas como uma ótima forma de conseguir aquele ingresso sem sair de casa, de forma confortável e sem pegar trânsito, mas também descobrindo coisas novas, artistas novos, experiências novas, que você não teria descoberto de outra forma. Nos vemos assim a longo prazo, como concorrente da Netflix e você vai pensar: quero ficar em casa e assistir a próxima temporada de House of Cards ou quero ir para o mundo real e descobrir um show, um festival, uma orquestra, uma apresentação de jazz ou uma peça de teatro ao vivo?


Paola Dionizio - O que significa ser e ter uma mente empreendedora ?

É ser a ponte entre idealização e execução. E para isso você precisa ser um pouco esquizofrênico (risos). É preciso conseguir ao mesmo tempo pensar fora da caixa e confiar que vai preencher as lacunas que não existem hoje, encontrar respostas ao longo do caminho que não estão claras. Mas, ao mesmo tempo, ser muito pé no chão, pensar em caixa, recursos, ser consciente, ser responsável. Então é aquele maluco com a cabeça nas nuvens, mas com os pés muito fincados no chão. Se você for só uma pessoa totalmente analítica, totalmente focada em dados e no que existe hoje, você não é um empreendedor, e sim um analista, um executor e alguém que consegue avaliar riscos e isso tem muita importância. Agora se você for um cara que só sonha e idealiza, você é um sonhador, uma pessoa inspiradora, alguém que têm ideias e conceitos, mas pouco voltado à execução.. O empreendedor consegue unir essas duas coisas, às vezes ele não é tão louco quanto o sonhador e nem tão analítico quanto o estatístico ou matemático, mas ele consegue navegar nesses dois campos.


Leticia Santiago- Gabriel só para finalizar, em termos de empreendedorismo o que você ainda sente falta no Brasil?

Eu acho que falta tanta coisa no Brasil (risos). Falta capital, somos um país ainda com menos acesso ao capital do que um mercado desse tamanho mereceria. A infraestrutura brasileira ainda é muito nova, e temos pouca confiança nela, na nossa telefonia, na nossa internet. Não confiamos em coisas básicas que em muitos países de alma empreendedora como é o Brasil, são dadas como certas. Aqui no Brasil só porque você ligou não quer dizer que vai tocar o telefone.Você duvida, questiona os intermediários em todas as frentes, mas por esse motivo ainda tem muita oportunidade...você ainda pode criar o Nubank, você pode criar a Pier (que é o Nubank dos seguros), e tudo isso vai disruptar esses grandes caras mais old school. O Brasil é isso, é um mercado grande com tudo a ser feito, com pessoas de alto potencial criativo e muito inteligentes, mas que ainda precisa ser construído.Isso é ao mesmo tempo um problema e também uma oportunidade, se você é aquele empreendedor que gosta de construir base esse é um lugar bom para estar!


Paola Dionizio- O que você diria para quem deseja empreender ou para quem já está nessa jornada?

Para quem quer empreender, eu diria que a gente geralmente tem essa ideia de empreender pelo prazer, pelos gols, pelos prêmios, para ganhar reconhecimento, esse é o prazer da caminhada. Eu acho que quem quer empreender deveria escolher empreender pela dor.Mas o que é a dor de empreender? É resolver problema, é ter que encontrar pessoas boas, recrutar, inspirar, motivar o time. Acho que as pessoas que vão ter sucesso e maior realização interna no caminho que escolherem, são as que escolhem o caminho pela dor. O melhor boxeador não é aquele que gosta do cinturão, é o cara que gosta de estar no ringue lutando, o melhor músico não é aquele que gosta do disco de platina, é aquele que gosta de aprender música nova, misturar sons e ficar treinando o dia inteiro descobrindo coisas novas. Os melhores empreendedores não são aqueles que querem aparecer na Forbes, são aqueles que gostam de resolver problemas e criar valor.



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